sexta-feira, 4 de julho de 2014

Não era você

Por Jullyana B.





Foi naquele olhar cruzado que eu me peguei pensando no fim. Como dizer adeus à alguém que você amou e te completou por anos? E como driblar o clichê de que todo amor verdadeiro tem que ser eterno?

Não era ele. Por mais homem que ele fosse, não era o homem da minha vida (se é que isso existe). Ou pelo menos não era mais o homem daquele momento. E buscar as palavras certas e efêmeras para dizer isso a ele me sufocava. Porque o que vivemos foi real e porque negar tudo isso seria loucura.

Porque você lia minha alma e eu lia seus olhos, e juntos líamos livros e poesias a noite toda. Porque você deslizava suas mãos sobre meu corpo e seus dedos se entrelaçavam no meu cabelo me fazendo dormir. Porque sua conchinha era minha proteção nas madrugadas frias e seu beijo na testa era meu primeiro “bom dia”. Porque suas ligações eram certas e te ver era a solução pra minha angústia. Porque você estava aqui o tempo todo, mas não deveria estar.

Nunca quis te partir o coração. Histórias de amor continuam sendo histórias de amor, mesmo que não sejam infinitas. Perceber à tempo que algo te faz bem, mas não te faz completa, e usar um ponto final ao invés de três, é difícil. É difícil porque você se acomoda. No fundo, você quer o cafuné de todas as noites e o conforto de ser só de alguém. A ideia de um coração batendo por você soa como conto de fadas. Porém, a realidade é outra.

O comodismo de um relacionamento não pode ser substituto do amor. Nem sempre o fim será com armas e canhões. Com palavras brutas soltas ao ar e fotos rasgadas. Às vezes, o fim é calmo. Pacífico. Como deve ser. De repente você sente que aquela peça do seu quebra-cabeça, antes encaixada, precisa se soltar um pouco e mudar de forma. E a nova forma não se encaixa mais na antiga. E você acorda, numa manhã de domingo, e percebe que é feliz, mas não é completa. E que você pode ser feliz sozinha. E você sai como a vilã da história, a mulher-cruel-que-maltratou-o-bom-moço. Mas esta mulher cruel foi extremamente corajosa em abrir mão da certeza de um carinho no fim do dia pela incerteza da vida. Abriu mão, porque apesar do amor recebido, não havia sinal de amor enviado. E a vida segue.

Moço, só te peço uma coisa: não feche seu coração. Deixe as cortinas abertas para que o sol entre, mas tome cuidado com os furacões. Minhas lembranças são pra sempre, mesmo que nós dois não tenhamos sido.

Dizem por aí que eu fui o furacão dele. Que passei e levei tudo. Que deixei uma bagunça. Que seja, então.

Prazer, Katrina.


2 comentários:

  1. Jullyana, quase chorei aqui menina! Que texto em! Passa aquele filme na nossa mente né?! Aquela pessoa que cada um de nós tem guardada no coração, mas que hoje não passa de uma lembrança né?! Fazer o que né, vida que segue sempree! Adorei o blog viu e vc é de Cabo frio, paraíso dos juiz foranos! Quando eu aparecer por aí, quem sabe a gente não encontra?! Beijos!

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  2. Que lindo esse texto!!! Faz a gente pensar em tantas coisas....


    http://opiniaofeminina1.blogspot.com.br/2016/03/como-organizar-bijuterias.html?m=0

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