Minha vida é um eterno vai-e-vem. Partidas se tornaram
rotina. A sensação de "ter” se perde em questão de pouco tempo. E olha que
ironia: odeio despedidas. Não que dizer adeus seja difícil pra mim, mas como
dizer adeus pro que você quer que fique?
Sempre fui o tipo de pessoa extremamente complicada.
Conviver comigo pode ser fácil, ou uma tarefa impossível. Costumo dizer que ou
você me ama muito ou me odeia muito. E eu lá sou mulher de meio termo? Quero
intensidade na vida e quero que sejam intensos comigo também, seja no amor ou
no ódio. Não gosto de metades. Ou eu me sinto inteira ou prefiro não sentir
nada. Sem essa de amar mais ou menos, curtir mais ou menos, viver mais ou
menos. Gosto dos extremos. Máximo ou mínimo. Positivo ou negativo. Tudo ou nada.
Tá pensando que é fácil ser assim? Não é não, amigo. Essa
sede de intensidade me rendeu muitas perdas, afinal muita gente tá viva, mas
não tá vivendo. Me deu confiança? Pronto, me entreguei. Assim mesmo, por
completo. Isso é um defeito? Não sei. Já me senti tão completa com algumas
pessoas, que quando elas perceberam que comigo era tudo ou nada, pularam fora do
barco. E aí eu pergunto: Por que vocês tem que partir? Perder pessoas cansa. Eu
não quero pessoas com medo da vida, com medo de mim. Quero gente que mostra a
cara, que não tem vergonha de tirar o salto e andar descalça na rua, que grita
quando precisa e que silencia quando não tem o que dizer. Que abraça sem
motivos, cai na gargalhada por coisa boba. Quero gente de verdade, que vive o hoje
e não se assusta com o novo.
E principalmente, quero gente que não vá desistir de mim na primeira
oportunidade e me deixar aqui, sozinha nessa estação que se chama vida.
(Jullyana B.)