domingo, 9 de fevereiro de 2014

Porta-retrato

Por Jullyana B.



Hoje acordei com teu cheiro cravado em minha pele, assim, feito tatuagem. Virei pro outro lado, suspirei e fechei os olhos novamente. Desejei ter suas mãos enroscadas nos meus cabelos e sua respiração no meu ouvido. Meu coração acelerou. As batidas eram incontáveis. Como é bom meu sorriso ter nome e sobrenome! Não parei até sentar nesta escrivaninha e despejar meus sentimentos no papel. Escrevo esta carta endereçada a você: o amor da minha vida.

“Eu não sou boa em falar o que sinto, você sabe. Minhas melhores expressões se manifestam no olhar, no sorriso ou nos meus gestos. Mas sabe quando você tem aquela sensação de coração cheio de amor? Prestes a explodir? Aquela vontade de gritar pro mundo o quanto é bom amar e ser amada? Assim que eu tenho me sentido.

No porta-retrato na cabeceira da minha cama tenho uma foto nossa. Quer que eu fale sobre o dia que ela foi tirada? Foi no dia que eu te amei mais do que eu deveria. E aí você me pergunta: ok, mas que dia foi esse? E eu entenderei sua pergunta, não dá pra saber o dia, se todos os dias eu te amo mais do que deveria. Não que você não mereça meu amor, porque você merece cada batida do meu coração, mas sabe aquela linha de proteção que eu criei? Então, eu sempre amo até certo ponto. Quando vejo que estou amando demais, eu paro e coloco os pés no chão.

Só que você me bagunça e me vira do avesso. Você muda meus conceitos e quebra minhas regras de “não-vou-me-entregar-demais-pra-não-sofrer”. Você me tira o medo e me faz voar. E eu não tenho medo de cair, porque sei que seus braços estarão estendidos pra me segurar. Você sorri desse jeito e me tira o ar. Você, você, você. Não canso de pensar em você. Você, que cuida do nosso amor e o rega todos os dias. Você, que me ensina a amar e me entregar por inteiro em todos os nossos encontros. Você, que eu não canso de escrever sobre. E é por isso que eu não digo mais que “te amo mais do que deveria”, porque não existe mais limite pro que eu sinto.

E olha só, logo eu, que sempre fui tão limitada e independente. Logo eu, que sempre tive medo de me prender à um amor e me sentir dependente dele. Mas se você quer saber a verdade, te digo: liberdade presa à alguém é a coisa mais gostosa da vida.”