terça-feira, 24 de setembro de 2013

Neste apartamento

Por Jullyana B.


Sabe o meu batom vermelho? Faz tempo que não uso. Está esquecido em uma gaveta qualquer. Sabe meu bloco de anotações? Faz tempo que não escrevo nele. Sabe aquelas borboletas no estômago? Faz tempo que não as sinto.






Não entendo o medo que as pessoas têm da solidão. Solidão significa estar só, mas quem disse que estar só é estar sofrendo? Sim, estou só. E sim, estou cuidando de mim. Dessa minha mania de querer tudo do meu jeito, de desconfiar dos meus sentimentos e de querer sempre o errado. Tô tentando me consertar, mas acho que sou uma peça com defeito mesmo. Eu juro que não existe um “você” nessa história, e é isso que mais dói. Não há quem culpar, não há lugar para correr. Fechei as portas para o novo. Decidi que nada começa enquanto a minha confusão não terminar.

Não sei de nada, não sei! Eu quero voar, quero me sentir livre de novo. Não gosto da sensação de fragilidade, de manter os pés no chão e não usar minhas asas. Nesse apartamento, faz tanto frio hoje. Acho que não tem solução, minha razão me disse isso. Meu coração? Não sei onde foi parar. Acho que se perdeu no meio dessa angústia. Não quero que ninguém me espere, tô deixando todo mundo passar. Quanto menos laços, menos cicatrizes.

Me perdoe, não costumo ser assim. Talvez seja só o tempo chuvoso. Talvez isso passe e amanhã eu esteja bem. Talvez o problema esteja em mim mesmo. Talvez, talvez. Nunca tenho certeza de nada.