sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Cuidado que eu mudei de lugar, algumas certezas."

- Nossa, tá tudo tão..
- O que?
- Diferente.



Mudei os móveis de lugar. Arrumei minhas gavetas. Joguei fora suas cartas. Dei um fim em todas as coisas que me lembravam você. Só não dei fim nos sentimentos. 

6h da manhã. Hora de levantar e enfrentar mais um dia vazio, mas a vontade de sair da cama não existe. Olho pro teto, busco razões pra não me sentir assim e algo me incomoda. Eu não sei bem o que é. Eu nunca sei. Minha cabeça é uma bagunça e depois que você se foi parece que tudo virou de pernas pro ar. O que está me incomodando? O que não me deixa dormir? O que não me deixa respirar? As lembranças. É. As malditas lembranças.

Um dia se passa e nada de você me preencher. Não ouço sua voz há muito tempo e se você soubesse a agonia que sinto com sua falta, me ligaria só pra dizer "oi, como você está?". Não, isso não resolveria meu problema, mas amenizaria essa angústia. Eu não sei mais nada de você. Não sei se você está bem, o que vai fazer hoje, que músicas tem ouvido e o último filme que viu. Você se transformou em um fantasma do passado, que de vez em quando bate na minha porta pra me atormentar. Só que o problema é que eu não gosto de fantasmas. Muito menos de passado. Uma faxina. Isso! Precisava fazer uma faxina.

Reorganizei meus sentimentos, e se quer saber, foi uma tarefa muito árdua. Te joguei fora da minha vida. Anulei toda e qualquer lembrança sua. Risquei os malditos momentos que me vinham à memória todo instante. Te soltei. 



Hoje estou livre. Livre de você, da tormenta que era te desejar perto e ver você se afastando cada vez mais. Não sei se me sinto completa, mas também não estou mais aos cacos. Me reergui. Me refiz. Renasci. Mudei certezas e prioridades na minha vida. Eu não quero parecer fria, apesar de você pensar isso de mim. Eu só superei. Sinto saudade de me sentir inteira com você, mas é só isso. Saudade e nada mais. Não se engane, eu quero você bem! Quero ver você feliz, renascendo e sem mim. Do fundo do meu coração-quase-partido. 

Mas faz favor? Não volta. Vai, que a porta está aberta. Mas depois que for, deixe as suas chaves debaixo do tapete e esquece que um dia entrou aqui. Vou tirar a poeira que você deixou e preparar tudo pra alguém novo chegar.

Só me promete que vai ficar bem, que eu fico também."

(Jullyana B.)

 



 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

"Amar é deixar ir."


Fim: O que termina; extremidade no tempo e no espaço. Pôr fim a, terminar, concluir.


"É, acabou. Com um sorriso no rosto e um aperto no peito, escrevo essas palavras. Uma semana se passou depois da frase que por segundos, achei que fosse mudar minha vida: "eu não quero terminar, mas temos que terminar". Me faltou ar, confesso. Devo ter esgotado as lágrimas e o vazio que senti foi como se um abismo tivesse sido aberto no meu peito. A noite foi fria e a sensação de saber que você não me pertencia mais, era realmente estranha. Era assustadora a ideia de dormir sem ver seu "boa noite" e acordar sem seu "bom dia". Achei que nunca fosse superar.

Alguns dias se passaram. Poucos, na verdade. Eu não sei explicar o que aconteceu mas acho que as lágrimas secaram. A vida voltou à sorrir pra mim e mesmo que muita coisa ainda esteja errada, eu voltei a ver cores no mundo. Toda aquela monotonia foi levada com o vento.

Eu não sei dizer se eu esqueci, se eu superei ou se eu simplesmente enfiei na cabeça que não ia ter volta e decidi seguir em frente. Mas você sabe, eu sou complicadíssima. Ah, e confusa! Relacionamentos sempre foram um problema pra mim, mas deixa eu te confessar uma coisa? Assim, bem baixinho? Eu gostei de você ter tomado minha liberdade. Eu sabia que esse sentimento não ia durar muito, mas de vez em quando é bom cortar as asas e se adaptar à uma gaiola. 

A verdade é que eu supero rápido demais e não é frieza não. Quem dera se fosse! Seria bem mais fácil viver sem sentimentos, principalmente quando a maioria são errados. É só que o tempo passa. Como diz Marcelo Camelo: Tudo passa! E você passou. Passou de um jeito muito bonito. Passou como alguém que eu amei sem limites e intensamente, que eu me entreguei sem pensar no depois e disse "eu te amo" sem medo. Mas finalmente, passou.

Algumas coisas ficaram, como por exemplo, as palavras lindas que você disse milhares de vezes, sua voz firme e reconfortante, seu sorriso bobo e seu jeito meio retardado de ser. Seus abraços apertados, a sensação de estar segura ao seu lado e o seu olhar apaixonado. Sua mão na minha, suas implicâncias sem fim e suas piadinhas bestas. Isso eu vou levar comigo, prometo. 

Mas eu tenho que dizer: amar é deixar ir. Não tem essa de "se for seu, volta". Viver da esperança é se torturar aos poucos. Deixe ir. Por mais que doa, por mais difícil que seja. O pra sempre só existe nos contos de fadas. Aqui, na vida real e cruel? Só existe o agora.

Eu te digo adeus. Sem lágrimas, mas com muita saudade. E quem sabe um dia a gente não se esbarra pelos caminhos tortuosos que a vida faz?"

(Jullyana B.)