Por Jullyana B.
Sabe o meu batom vermelho? Faz
tempo que não uso. Está esquecido em uma gaveta qualquer. Sabe meu bloco de
anotações? Faz tempo que não escrevo nele. Sabe aquelas borboletas no estômago?
Faz tempo que não as sinto.
Não
entendo o medo que as pessoas têm da solidão. Solidão significa estar só, mas
quem disse que estar só é estar sofrendo? Sim, estou só. E sim, estou cuidando
de mim. Dessa minha mania de querer tudo do meu jeito, de desconfiar dos meus
sentimentos e de querer sempre o errado. Tô tentando me consertar, mas acho que
sou uma peça com defeito mesmo. Eu juro que não existe um “você” nessa
história, e é isso que mais dói. Não há quem culpar, não há lugar para correr.
Fechei as portas para o novo. Decidi que nada começa enquanto a minha confusão
não terminar.
Não
sei de nada, não sei! Eu quero voar, quero me sentir livre de novo. Não gosto
da sensação de fragilidade, de manter os pés no chão e não usar minhas asas.
Nesse apartamento, faz tanto frio hoje. Acho que não tem solução, minha razão
me disse isso. Meu coração? Não sei onde foi parar. Acho que se perdeu no meio
dessa angústia. Não quero que ninguém me espere, tô deixando todo mundo passar.
Quanto menos laços, menos cicatrizes.
Me
perdoe, não costumo ser assim. Talvez seja só o tempo chuvoso. Talvez isso
passe e amanhã eu esteja bem. Talvez o problema esteja em mim mesmo. Talvez,
talvez. Nunca tenho certeza de nada.